segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sérgio Sant'Anna

"(...) desconfio que não apenas eu, mas todos nós, nos sentimos inexistentes. (...) Então fabricamos acontecimentos e histórias para podermos narrá-los, uns aos outros, convencendo-nos reciprocamente de que existimos."

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Paradoxo

É um paradoxo o que vou dizer, mas sou uma existencialista em essência. Sou existencialista, mas em mim a essência precede a existência. Sartre ficaria horrorizado se lesse isso! Mas não sou existencialista porque leio Sartre, Clarice Lispector ou Vergílio Ferreira, sou assim porque assim nasci: não tive escolha. Aliás, como sou assim, não consigo imaginar outra maneira de ser: fico imaginando que todo mundo é existencialista, não consigo imaginar uma pessoa que não sinta dor existencial...

Quem existiu?

Se os historiadores defendem que Jesus não existiu, o rei Artur não existiu e dizem que até Sócrates não existiu, é possível que eu também não exista.

Obs.: também já vi duvidarem da existência de Shakespeare, nesse caso os textos atribuídos a ele teriam sido escritos por uma sociedade de escritores e o nome "Shakespeare" seria formado pelas iniciais de tais escritores...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Não dá para fugir da Clarice Lispector porque ela é onipresente.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Talvez se eu fosse mãe eu seria mais sensata, menos relapsa... ou não: e nesse caso eu seria uma mãe desnaturada.

Nicotina onírica

Se Einstein estava certo quando disse que "Toda imaginação é real", então cada vez que eu me imagino tragando um cigarro eu continuo fodendo meu pulmão, mesmo tendo, na prática, parado de fumar?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Orto

Orto, um daschund de pelo preto, sempre vivera bem com a família humana que o acolhera quando ainda era um bebê. Já tinha nove anos e apresentava algumas verrugas senis em seu corpo, principalmente na barriga. Orto passava a maior parte do tempo dormindo, enroscado em si mesmo sobre seu tapete próprio, que ele arrastava pela casa com a boca e às vezes punha sobre o tapete principal da sala, a fim de ter uma cama mais acolchoada e confortável. Muitas vezes um dos donos de Orto lhe dava um osso de couro comestível que ele roía com satisfação, e se alguém tentava se apoderar de seu osso, Orto rosnava e ameaçava morder, ficava realmente bravo, então seus donos o provocavam fingindo que iam pegar seu osso, como se ele fosse realmente uma iguaria deliciosa. Quando passeava, rabo empinado, corpo esticado, carimbava todos os postes pelos quais passava. Orto sempre ia à veterinária para exames de rotina e da última vez que seus donos o levaram lá, Dra. Renata disse que ele precisaria passar por uma cirurgia. Seus donos desconfiaram pois aparentemente estava tudo bem com Orto, todos achavam que seria uma cirurgia inútil, mas como confiavam na profissional, consentiram e marcaram a operação.
No dia da cirurgia, os donos de Orto estavam bastante tensos, afinal Orto já tinha certa idade e poderia não suportar, mas Dra. Renata cautelosamente substituía seu focinho por uma tromba de elefante, costurando os pontos com a precisão dos mais rigorosos e conceituados cirurgiões plásticos.
Finalmente, depois de quatro horas de uma cirurgia que para seus donos pareceu interminável, Orto aparecia, ainda debilitado, mas ostentando uma linda tromba e abanando uma cauda de tubarão.
Os donos de Orto, desavisados, ficaram inconformados mas nada puderam fazer senão acolher Orto como ele estava. Assim, com o passar dos meses foram se acostumando ao Novo Orto, acariciando sua tromba e recebendo a demonstração de alegria de Orto através da cauda de tubarão, que se remexia num vaivém como se Orto estivesse nadando nas profundezas do mar.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Enquanto lê, contém seu impulso destrutivo para não rasgar o livro, embora a história lhe agrade muito. Em outras ocasiões, teve vontade de defecar em cima do livro que lia.

Para os freudianos é tudo muito claro.